sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Fechando a Mala

Demorou, e muito, pra eu perceber o que eu estava prester a fazer. A ficha não caiu quando assinei o contrato, recebi a host family ou fiz as malas; mas sim quando fechei a mala.
Confesso que tentei, durante meus ultimos dias no Brasil, me alienar de toda essa loucura de "to indo embora" e acredito ter feito um bom trabalho. Claro que estar cercado pela minha familia e amigos ajudou, Porque mesmo evitando o sentimento de partida, a sensação de que não iria ter aquelas risadas e abraços ao meu dispor por meses estava ali e tentei aproveitar ao máximo cada uma, enquanto podia.
Coloquei um último par de meias, a escova de dentes e fechei o ziper da mala. Com o cadeado colocado as malas estavam prontas e foi quando me atingiu: eu estava partindo! Nos minutos restantes observei meu quarto, minha casa. Fiz questão de guardar cada detalhe na minha cabeça, pelo simples medo de acabar esquecendo, a certeza de que não seria a mesma coisa quando eu voltasse; até porque eu não seria o mesmo, e a precaução de ter esse lugar guardado na minha mente, pronto pra me abrigar quando batesse a saudade. Não, não estava indo embora pra sempre mas pra quem estava vivendo tudo isso pela primeira vez e alguém que não é um grande fã de mudanças (e muito dramático), tudo isso era no mínimo assustador.
Fechei a porta do meu quarto, dei um ultimo abraço na minha cachorrinha e chequei o Instagram, tinha começado, fotos com mensagens de despedida e com isso o choro. Minha mãe trancou a porta e entramos no elevador, adeus décimo andar. Ela, minha irmã, meu pai, minha tia e eu ficamos trocando olhares, sem dizer muito afinal os olhares falavam por si.
De mãos dadas, eu e minha mãe fomos até o carro, sem soltar nossas mãos por mais de um minuto coloquei o cinto e assim fomos rumo ao aeroporto. Pela janela do carro fotografei com meus olhos a padaria da rua onde toda tarde iamos comprar pão frânces, o mercadinho onde várias vezes fui comprar Coca para janta, o bar onde o porteiro do prédio ia depois de seu turno acabar e o ponto de onibus que ja havia me levado para muitos lugares, mas nenhum tão distante quanto o que me esperava.

6 comentários:

  1. Pronto já chorei ... Má que lindo, que orgulho tenho de vc, registre cada instante para servir de experiencia para suas 3 primas pequenas, espero que elas tenham a mesma coragem e determinação ... Brilhe Má.... bjs Tia Simone

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  2. Matheus, você é um filho maravilhoso, nos da a cada dia mais orgulho ... Quanta saudade, sua companhia na padaria da esquina, ser sua motorista para levá-lo e buscá-lo cada dia em um lugar, sim porque vc não parava em casa né. Fazer frango frito com batatas.... torrar pão...comprar sorvete de flocos, sei que estes dias não voltarão,e na volta novos momentos viveremos, serão únicos e nosso amor a ti será eterno. Bjs Mamãe e Papai.

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  3. Nossa, eu chorei lendo esse post, porque minha ficha ainda não caiu que vou fazer um intercâmbio, mas certeza que na hora de partir vai acontecer a mesma coisa comigo, ainda mais quando sou muito apegada a minha mãe. Espero que você tenha uma ótima experiência, bjs.

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    1. A ficha parece nunca cair para ser sincero, mas vale muito a pena! Obrigado, espero que aproveite muito quando vier!

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