sábado, 14 de fevereiro de 2015

Asas

  E é assim, inesperadamente, que andamos até a borda, olhamos para o infinito á nossa espera e, sem pensar muito, damos nosso primeiro rasante solo.
 Voar com as próprias asas não é fácil, as vezes falta equilíbrio, o vento está muito forte ou a tempestade muito violenta e duvidamos da nós mesmos.
Deixar o ninho é um processo tão demorado, mas ao mesmo tempo, tão rápido. Somos alimentados, protegidos, amados até nossas penas crescerem; por observação tentamos aprender uma coisa ou duas e de repente é a nossa hora; o momento tão esperado, hora de abrir as pequenas asas e pular; pular acreditando que estamos prontos para enfrentarmos o céu, que não precisamos de todo o conforto que estamos deixando para trás e que não precisamos de alguém para sustentar nossas asas; pulamos de mãos dadas com a incerteza; incerteza se voaremos ou atingiremos o chão, se iremos ser autosuficientes.
Com o tempo as asas vão ficando mais fortes e já não é tão difícil quanto antes desbravar a imensidão azul que, um dia, tanto lhe assustou; admito que "se não fossem as minhas malas cheias de memórias" deixar meu ninho teria sido mais fácil, "se não fossem minhas malas cheias de memórias" pesando mais do que minhas asas podem carregar, estar longe de casa não seria tão difícil. Mas dia após dia, explorando novos horizontes e me juntando a novos bandos vou dividindo um pouco desse peso; vou, aos poucos, deixando partes de mim em cada um que ao meu lado voa e aprendendo que a vida não é sobre procurar um lugar para chamar de "casa" e sim fazer dos nossos ossos a única estrutura que precisamos.

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